“The Slave Ship” é o título de um episódio do programa 60 minutes, do canal de televisão americano CBS e que foi para o ar a 1 de Novembro de 2015. O episódio conta a história do tráfico de escravos a partir da Ilha de Moçambique para a América. O enfoque é na última viagem do São José, um navio Português que afundou há mais de dois séculos no Cabo da Boa Esperança, África do Sul, matando mais de 200 homens, mulheres e crianças levados do Norte de Moçambique.
O arqueólogo da Kaleidoscopio Décio Muianga, falou no episódio na qualidade de membro do “The Slave Wrecks Project”, um grupo de pesquisadores trabalhando na recriação de narrativas sobre o tráfico de escravos e navios que ligavam a África a Europa e à América.
Numa conferência sobre “A Grande Guerra: Consequências económicas, culturais e políticas da guerra de 1914-1918 nas sociedades africanas”, o arqueólogo da Kaleidoscopio Décio Muianga sugeriu que memórias da Primeira Guerra Mundial são parte integrante do quotidiano dos Moçambicanos residentes no Norte de Moçambique. Na comunicação “África Oriental na Primeira Guerra Mundial (1914-1918): Tragédia e memórias de guerra na população civil do norte de Moçambique” apresentada na conferência, ele explora narrativas locais e destaca a presença de “fantasmas de soldados europeus no Niassa de hoje” e as memórias e consequências da participação de moçambicanos nos campos de batalha.
A conferência “A Grande Guerra: Consequências económicas, culturais e políticas da guerra de 1914-1918 nas sociedades africanas” decorreu de 20 à 24 de Outubro 2015 na Universidade Cheikh Anta Diop, em Dakar e foi organizada pelo Programa Point Sud em colaboração com a Universidade Goethe, em Frankfurt/Main, da Alemanha.
Pedro Julião e Daniela Guita, pesquisadores de caleidoscópio, participaram de uma exposição de arte-lixo realizada em Joanesburgo de setembro de 2015. Os trabalhos apresentados foram o resultado de um workshop de três dias realizado em Joanesburgo no âmbito do projeto SLOW-Art. O SLOW-Art é um projecto regional que envolve investigadores e artistas das cidades de Joanesburgo, Pretória, Maputo e Harare, numa colaboração para explorar formas em que os resíduos podem ser usados para meios de subsistência sustentáveis.
Teresa Le, mestranda em estudos de desenvolvimento na Universidade de Witwatersrand, África do Sul juntou-se a Kaleidoscopio como pesquisadora visitante. Desde Agosto de 2015, Le realiza trabalho de campo na cidade de Maputo para a sua dissertação de mestrado intitulada: State Autonomy during Neoliberalism – The Case of Social Cash Transfers in Mozambique.
Numa palestra apresentada na série de seminários do Departamento de Arqueologia e Antropologia da Universidade Eduardo Mondlane em Maio passado, Albino Jopela sugeriu que as relações de poder entre os principais intervenientes minam a implementação de projectos concebidos para melhorar a conservação e gestão do património da ilha e as condições de vida dos seus habitantes. O sucesso na implementação de novas abordagens para a conservação do património, tais como a Abordagem Paisagística Histórico Urbana da UNESCO, transcende a esfera técnica. Ela exige vontade política do governo central de ir para além de uma retórica oficial sobre a importância da cultura e do património para o desenvolvimento que, em última instância não se traduz em documentos políticos fundamentais e numa desconcentração significativa de poderes de decisão e recursos para instituições locais como por exemplo, o Instituto de Conservação da Ilha de Moçambique.
O arqueólogo da Kaleidoscopio Albino Jopela e Per Ditlef Fredriksen, da Universidade de Oslo, na Noruega, publicaram recentemente um artigo sobre o engajamento dos arqueólogos com concepções locais de lugar. Baseando-se no caso de Moçambique os arqueólogos sugerem que ‘uma arqueologia verdadeiramente engajada’ deve estar aberta a epistemologias plurais e explorar o potencial das interseções entre os conceitos usados pelos profissionais da área e pelas comunidades com as quais esses profissionais se envolvem. O exemplo da Paisagem Cultural Vumba em Moçambique é usado para mostrar que os profissionais não podem ignorar o facto de que muitas comunidades rurais nesta parte da África praticam a sua versão de ‘arqueologia’ reconstruindo o passado através de seus antepassados. A visão epistêmica e ética apresentada pelos autores pode potencialmente ajudar os arqueólogos e profissionais do património a dar um primeiro passo com vista ao reconhecimento, na sua plenitude, dos diferentes valores, interesses e preocupações dos vários intervenientes, permitindo assim que toda sociedade assuma papéis e responsabilidades importantes na interpretação e preservação do ‘passado’. Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.